“Elas não”!

Uma análise do ministério pastoral feminino entre os batistas brasileiros à luz de Pierre Bourdieu

Autores

  • Anna Eliza Simonetti Polastri de Oliveira Francisco Faculdade Unida de Vitória
  • Valdir Stephanini Faculdade Unida de Vitória

Palavras-chave:

ministério pastoral feminino, violência simbólica, campo religioso, habitus, sacerdotes

Resumo

Resumo - O presente artigo visa refletir sobre a presença de mulheres no ministério pastoral ordenado entre os batistas da Convenção Batista Brasileira (CBB), à luz dos conceitos de “campo religioso”, “habitus” e “sacerdotes” em Pierre Bourdieu. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental, buscou-se compreender: qual é o lugar das mulheres no ministério pastoral das igrejas batistas filiadas à CBB?  Partimos da hipótese de que a presença de mulheres como pastoras na referida denominação insere-se numa acirrada disputa de poder no campo religioso, influenciada por uma cultura que subordina as mulheres aos homens e as impede de ocupar posições de liderança em sua própria religião. Iniciamos essa análise apresentando os resultados de pesquisas anteriores sobre a temática; em seguida, passamos a explicitar os conceitos de campo religioso, habitus e sacerdotes na teoria de Pierre Bourdieu; por fim, analisaremos a complexidade da inserção de pastoras na CBB com base na análise de seus documentos oficiais. Os resultados apontam para a o fato de que a dinâmica do apagamento das mulheres pastoras configura-se como uma estratégia para a monopolização dos agentes religiosos, os sacerdotes, no intento de promover o monopólio masculino no campo religioso.

Biografia do Autor

Anna Eliza Simonetti Polastri de Oliveira Francisco , Faculdade Unida de Vitória

Mestranda em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória, Espírito Santo. anna_simonetti@hotmail.com.

Valdir Stephanini, Faculdade Unida de Vitória

Docente no PPG em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória

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Publicado

2023-01-10

Edição

Seção

Artigos/Articles: Dossiê/Dossier