“Elas não”!
Uma análise do ministério pastoral feminino entre os batistas brasileiros à luz de Pierre Bourdieu
Palavras-chave:
ministério pastoral feminino, violência simbólica, campo religioso, habitus, sacerdotesResumo
Resumo - O presente artigo visa refletir sobre a presença de mulheres no ministério pastoral ordenado entre os batistas da Convenção Batista Brasileira (CBB), à luz dos conceitos de “campo religioso”, “habitus” e “sacerdotes” em Pierre Bourdieu. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental, buscou-se compreender: qual é o lugar das mulheres no ministério pastoral das igrejas batistas filiadas à CBB? Partimos da hipótese de que a presença de mulheres como pastoras na referida denominação insere-se numa acirrada disputa de poder no campo religioso, influenciada por uma cultura que subordina as mulheres aos homens e as impede de ocupar posições de liderança em sua própria religião. Iniciamos essa análise apresentando os resultados de pesquisas anteriores sobre a temática; em seguida, passamos a explicitar os conceitos de campo religioso, habitus e sacerdotes na teoria de Pierre Bourdieu; por fim, analisaremos a complexidade da inserção de pastoras na CBB com base na análise de seus documentos oficiais. Os resultados apontam para a o fato de que a dinâmica do apagamento das mulheres pastoras configura-se como uma estratégia para a monopolização dos agentes religiosos, os sacerdotes, no intento de promover o monopólio masculino no campo religioso.
Referências
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina: a condição feminina e a violência simbólica. 18.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020.
BOURDIEU, Pierre. Gênese e estrutura do campo religioso. In: BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.
BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. 9.ed. Campinas: Papirus, 1996.
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. Declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira. [s.d.]. Disponível em: https://convencaobatista.com.br/siteNovo/pagina.php?MEN_ID=22. Acesso em: 05 mar. 2022.
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. Princípios Batistas. [s.d.]. Disponível em: https://convencaobatista.com.br/siteNovo/pagina.php?MEN_ID=21. Acesso em: 25 jul.2022.
CORTÉS, Olga Nancy P. A inter-relação bourdieusiana: habitus, campo e capital. 2016. 104f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. p. 65.
CUNHA, Suelen Romero. Protestantismo e violência contra as mulheres: um estudo de caso acerca da violência simbólica e religiosa contra a ordenação de mulheres na Convenção Batista Brasileira. 2022. 142p. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões) – Faculdade Unida, Vitória, 2022.
FARIAS, Alana Carla Lucena de. Sacerdócio Feminino: Uma análise da violência simbólica em torno do processo de ordenação pastoral de mulheres na Convenção Batista Paraibana. 2021. 104 f. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões) –Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2021.
GEBARA, Ivone. Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal. Petrópolis: Vozes, 2000.
GONÇALVES, A. Vozes que clamam no deserto: bibliografias marginais sobre os batistas no brasil. Revista Reflexus, a. XI, n. 17, p. 203- 220, 2017.
LEITE, Jônatas Câmara. A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, sua história e intertextos. 2014. 87p. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões) – Faculdade Unida, Vitória, 2014.
NOGUEIRA, Silvia. Por que sou pastora? 2019. Apostila do V Congresso Brasileiro de Pastoras e Vocacionadas da Convenção Batista Brasileira. Belo Horizonte, 2019.
ORDEM DOS PASTORES BATISTAS DO BRASIL. [Site institucional]. Quem somos. [s.d]. Disponível em: https://opbb.org.br/quem-somos/. Acesso em: 15 ago. 2022.
SILVA, José Alexandre; CERRI, Luís Fernando. Norbert Elias e Pierre Bourdieu: biografia, conceitos e influências na pesquisa educacional. Revista Linhas, Florianópolis, v. 14, n. 26, jan-jun, p.171-198, 2013.
SOUZA, Sócrates de Oliveira. Exame e consagração ao ministério pastoral. Rio de Janeiro, Convicção, 2009.
SOUZA, Valéria Vieira. A (R)existência das vocacionadas ao ministério pastoral batista: Descortinando a relação entre as pastoras batistas de São Paulo e a não filiação na ordem dos pastores batistas do Brasil em São Paulo (OPBB-SP). 2016. 152f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2016.
STEPHANINI, Valdir. Mulheres no ministério pastoral batista. Revista Reflexus. Vitória, a. XII, n. 19, p. 103-121, 2018.
THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Pierre Bourdieu: a teoria na prática. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, p. 27-53, 2006.
VALLE, Ione Ribeiro. A obra do sociólogo Pierre Bourdieu: uma irradiação incontestável. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 117-134, 2007.
YAMABUCHI, Alberto Kenji. A voz paradoxal de uma mulher no debate sobre a história das origens do trabalho batista no Brasil”. In: PINHEIRO, Jorge; SANTOS, Marcelo. Os batistas: controvérsias e vocação para a intolerância. São Paulo: Fonte, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Davar Polissêmica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto (emos) o presente trabalho, texto original e inédito, de minha (nossa) autoria, à avaliação da Revista Davar Polissêmica, um periódico interdisciplinar de Ciências da Religião e Teologia e áreas afins, sediado na Faculdade Batista de Minas Gerais, e concordo (amos) em compartilhar esses direitos autorais a ele referentes com a DAVAR/FBMG, sendo que seu “conteúdo, ou parte dele, pode ser copiado, distribuído, editado, remixado e utilizado para criar outros trabalhos, sempre dentro dos limites da legislação de direito de autor e de direitos conexos”, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, desde que se atribua créditos ao texto e à autoria, incluindo as referência à DAVAR. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado, o/a (s) autor/a (es/as) e empresas, instituições ou indivíduos.
Reconheço (Reconhecemos) ainda que DAVAR está licenciada sob uma LICENÇA CREATIVE COMMONS - ATTRIBUTION 4.0 (CC BY 4.0): Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Por isso, PERMITO (PERMITIMOS), "para maximizar a disseminação da informação", que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.