Um comentário ao tema da menoridade e da liberdade em Gl 4,1-11

Resumo

A carta de Paulo aos Gálatas, uma das cartas reconhecidamente como autenticamente paulinas, é tida como a Carta Magna da Liberdade Cristã. Toda sua estrutura é tecida sobre a argumentação do que é essencial para se abraçar a fé em Cristo Jesus, em vista da justificação: se basta a fé ou se as obras da lei são obrigatórias para todos, judeus e não judeus. Paulo recorda que pela lei “ninguém será justificado” (Gl 2,16), que o “o justo vive pela fé” (Gl 3,11), que “somos filhos da livre e não da escrava” (Gl 4,21-31) e que foi “para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Diante de seu raciocínio, Paulo busca indicar que a Escritura já indicava isso (Dt 27,26: “a lei condena”; Hab 2,4: “o justo vive pela fé”; Sl 143,2: “ninguém é justo diante de Deus”). Mas é em Gl 4, que Paulo vai desenvolver sua prova escriturística da liberdade cristã, desde seu nascimento e pela adesão a Cristo Jesus. Gl 4,1-11 é a primeira seção do macro-conjunto de Gl 4,1–5,1. Entendido por meio desta perspectiva mais ampla, o argumento jurídico e as imagens utilizadas por Paulo corroboram como argumento para conduzir o conjunto por meio da temática sobre a filiação. O artigo tece um comentário sobre Gl 4,1-11 com o objetivo de destacar como esta estrutura introduz e prepara o desenvolvimento subsequente utilizando-se não apenas de um vocabulário comum, mas igualmente por meio das estruturas semânticas e temáticas presentes no texto.