“E vendo-o, foi compadecido e cuidou dele”
Análise da parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37)
Palavras-chave:
Evangelho, Lucas, Bom Samaritano, Exegese, ParábolaResumo
O bom samaritano tornou-se sinônimo do agir com compaixão. Esse sentido é oriundo da parábola contada por Jesus no Evangelho de Lucas. Jesus, provocado por um mestre da lei, dá a conhecer que a universalidade salvífica de sua ação no mundo deve levar aqueles que desejam respeitar a lei a guardar os mandamentos a agirem, mutatis mutandis, da mesma forma que Ele, com misericórdia, não com rigidez e discriminação. O bom samaritano “implode” qualquer motivo para não se deixar compadecer e cuidar daquele que sofre, indistintamente. O texto é muito claro ao comunicar essa mensagem, seja pelos contraexemplos do sacerdote e do levita, seja pelo exemplo do samaritano. A perícope de Lc 10,29-37 faz parte do diálogo entre Jesus e o mestre da lei, iniciado em Lc 10,25. Embora o cenário e os personagens sejam os mesmos, é possível distinguir as duas unidades textuais. O presente artigo, ao tratar de Lc 10,29-37, traz ao leitor aspectos importantes para a compreensão do sentido integral que pode ter sido almejado pelo hagiógrafo. Para lograr esse objetivo, a pesquisa vale-se do Método Histórico-Crítico. Apresenta uma segmentação e tradução do texto; traz igualmente: crítica textual, delimitação, desenvolvimento e estrutura do texto. Por fim, através de uma pesquisa de cunho bibliográfico-exploratório, tem-se o comentário exegético-teológico e alguns exemplos de como a parábola do bom samaritano foi interpretada ao longo da história e no Magistério recente da Igreja, buscando agir segundo as estranhas de misericórdia de Deus.
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