Da consanguinidade à socialidade

Um esboço dos estudos de parentesco como contributo à noção de família ritual

Autores

  • Élcio Sant'Anna Faculdade Unida de Vitória

Palavras-chave:

Consanguinidade, Socialidade, Parentesco, Família Ritual

Resumo

A consanguinidade era considerada o marco zero para os arranjos de parentesco da humanidade.  Mas esta visão foi chamada de fictícia e indemonstrável. Com isto ficou a questão: como se produz parentesco desvinculado da consanguinidade? É assim que este artigo propõe a “contravenção e o contrabando” da noção de socialidade dos etnólogos no detalhamento dos estudos de parentesco dos ameríndios amazônicos para os estudos das afinidades identitárias entre afrodescendentes no contexto das irmandades religiosas. Portanto, as práticas recíprocas da família ritual equivaleriam a socialidade amazônica, pois o ritual é o dublê do sangue.

Biografia do Autor

Élcio Sant'Anna, Faculdade Unida de Vitória

Doutor em Ciências Sociais com concentração em Antropologia pela Universidade Federal do Pará, Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, Graduado em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É docente do PPGCR da Faculdade Unida de Vitória.

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Publicado

2023-10-30

Edição

Seção

Artigos/Articles: Temática Livre/Free subject