Da consanguinidade à socialidade
Um esboço dos estudos de parentesco como contributo à noção de família ritual
Palavras-chave:
Consanguinidade, Socialidade, Parentesco, Família RitualResumo
A consanguinidade era considerada o marco zero para os arranjos de parentesco da humanidade. Mas esta visão foi chamada de fictícia e indemonstrável. Com isto ficou a questão: como se produz parentesco desvinculado da consanguinidade? É assim que este artigo propõe a “contravenção e o contrabando” da noção de socialidade dos etnólogos no detalhamento dos estudos de parentesco dos ameríndios amazônicos para os estudos das afinidades identitárias entre afrodescendentes no contexto das irmandades religiosas. Portanto, as práticas recíprocas da família ritual equivaleriam a socialidade amazônica, pois o ritual é o dublê do sangue.
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