O ser humano como esperança da criação

A teologia ecológica de Ioannis Zizioulas à luz de Rm 8,19-22

Resumo

A crise ecológica é um dos principais problemas que se apresentam à comunidade humana hodierna. Este problema é global e não está relacionado apenas ao bem-estar da humanidade, mas à própria possibilidade de sua subsistência. Como alerta o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si’ e na Exortação Apostólica Laudate Deum, os mais vulneráveis são os primeiros a serem afetados pelas consequências desta crise, ainda que não sejam os maiores responsáveis por suas causas. Diante da gravidade desta situação, cabe perguntar o que a teologia tem a oferecer para colaborar com a superação deste problema. Ioannis Zizioulas é um dos teólogos que melhor articulou a discussão entre teologia e ecologia, tornando-se um expoente nesta discussão. Sem apelar a ideologias ou adequar-se a modismos, ele desenvolve uma proposta teológica ao problema da ecologia que apresenta o ser humano como esperança da criação. O objetivo deste trabalho é expor esta proposta à luz de Rm 8,19-22. Inspirado nas palavras de Paulo, Zizioulas reconhece que a criação “geme e sofre as dores de parto”, mas afirma que ela nutre uma “intensa expectativa” de ser “libertada da escravidão da corrupção” através ação do ser humano. Dessa forma, ler a teologia ecológica de Zizioulas à luz de Rm 8,19-22 tem um duplo propósito. Por um lado, a perícope paulina possibilita fundamentar bíblica a teologia de Zizioulas. Por outro lado, a reflexão de Zizioulas permite desvelar o caráter ecológico deste texto paulino. Em última instância, a reflexão de Zizioulas pretende reestabelecer o lugar do homem na economia da criação, oferecendo ao mundo um ethos que seja capaz de formar uma nova cultura e reconhecer o caráter sagrado da criação.